ESTÁDIOS DE KOHLBERG


Sprouts - Os 6 Estágios de Desenvolvimento Moral, segundo Kohlberg


   Ao falarmos de desporto, trabalhar e lidar com pessoas é algo indissociável. Assim, os valores e julgamentos morais estão sempre presentes na atividade desportiva. Logo, acreditamos ser de suma importância a reflexão acerca do desenvolvimento moral dos indivíduos, na qual esta se dá ao longo de toda a vida, de uma forma dinâmica e moldável. Os principais pensadores nesse âmbito são Piaget e Kohlberg. Nessa reflexão iremos discorrer sobre as ideias do psicólogo norte-americano Kohlberg.

   Segundo Kohlberg, o desenvolvimento moral baseia-se em 3 grandes níveis (1. Pré Convencional, 2. Convencional e 3. Pós Convencional), na qual cada nível contém 2 estádios. Estes estádios são qualitativamente diferentes, estão relacionados com a idade e contemplam um sistema organizacional novo e compreensivo. 

   No primeiro nível, o sentido moral reside muito na individualização, sendo que no primeiro estádio o princípio orientador é o medo da punição, enquanto no estádio 2 (geralmente dos 3-8 anos) o que traz benefício próprio (satisfação dos interesses próprios) é a premissa norteadora. No nível convencional, começa-se a considerar as pessoas a sua volta e a sociedade como um todo, na qual o estádio 3 (6/8-10/12 anos) baseia-se em estar de acordo com as expectativas dos outros indivíduos e o estádio 4 (10/12-16 anos) as decisões são orientadas pelo mantimento da ordem social (i.e. seguir as leis/normas). Por fim, no nível pós convencional, o estádio 5 ( geralmente ≥16 anos), assim como o estádio anterior, visa o mantimento da ordem social, porém neste estádio há um pensamento crítico em relação às normas e leis. Finalmente, o estádio 6 (minoria dos indivíduos conseguem "atingir" esse estádio) consiste em agir segundo os seus princípios e valores internos, ou seja, ressalta-se a internalização dos valores. 



   Apesar da sua importância para o ramo da Psicologia e não só, a experiência de Kohlberg não deixou de ser alvo de críticas:

  1. A experiência restringiu-se apenas à participação de indivíduos do sexo masculino.
  2. Os indivíduos que fizeram parte da experiência provinham de contextos culturais semelhantes (i.e. apenas a cultura ocidental).

   Ora, apesar de todos os avanços que têm vindo a ser alcançados no âmbito da luta contra a desigualdade entre géneros, a verdade é que existem diferenças entre eles, por exemplo os homens, no geral, tendem a ser mais utilitaristas, ou seja, priorizam as consequências globais (respostas cognitivas e racionais aos dilemas morais), enquanto que, as mulheres normalmente são mais deontológicas, isto é, priorizam as normas morais (respostas mais emocionais aos dilemas morais). Essas diferenças também existem entre pessoas de diferentes culturas e nações pois, uma vez mais, o ambiente em que se vive é extremamente importante para o desenvolvimento de um ser humano. Portanto, a principal crítica à experiência de Kohlberg foi a falta de diversidade da amostra não representativa da população que acaba por comprometer a inferência do estudo.

   Em conclusão, a teoria de Kohlberg é uma mais valia para todos os que pretendem compreender melhor as respostas de cada ser humano aos dilemas morais que enfrentamos. No entanto, existem limitações, uma vez que a experiência realizada por Kohlberg carecia de diversidade no que concerne aos indivíduos que participaram no estudo (apenas homens ocidentais), não considerando todas as diferenças existentes entre os diferentes géneros e culturas e às diversas reações que cada um desses indivíduos poderia ter devido a essas mesmas diferenças.

  Acreditamos ainda que os estádios são dinâmicos, dado que um indivíduo pode reagir de diferentes formas de acordo com a importância da situação para o indivíduo em si. Por exemplo, numa situação em que alguém se depara com uma pessoa que se encontra em perigo, a resposta desse alguém se essa pessoa for um familiar seu será diferente da resposta que terá se essa pessoa for um desconhecido. Para além disso, as experiências que temos e o meio em que vivemos podem-nos moldar, fazendo com que possamos reagir de variadas maneiras a situações semelhantes em diferentes alturas da nossa vida, oscilando para cima e para baixo independentemente da idade.



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