IMPORTÂNCIA DO EXERCÍCIO FÍSICO A NÍVEL CEREBRAL/COGNITIVO
TED - The brain-changing benefits of exercise | Wendy Suzuki
O processo de envelhecimento é consensualmente evitado pelos indivíduos. O "medo" de chegar à terceira idade é nítido entre os adultos, isto se baseia na premissa de que o corpo irá regredir, que se tornará mais incapaz e mais fraco. Sendo esse processo algo natural da vida humana, não há como evitá-lo, entretanto, é possível fazer com que seus efeitos sejam atenuados e atrasados, na qual o exercício físico consiste num dos principais meios.
Dentre
os efeitos do envelhecimento, temos por exemplo a diminuição das competências
cardiovasculares, alterações na pele e até diminuição da funcionalidade de
certos órgãos. Porém, nesta reflexão vamos nos concentrar nos aspetos
cognitivos e psicossociais. Dentre esses
aspetos encontramos:
- Declínio das competências percetivomotoras;
- Degenerescência neurofibrilar (comprometendo processos de aprendizagem)
- Declínio da velocidade de reação;
- Diminuição da atenção (em especial na capacidade de dividir a atenção e fixá-la por mais tempo);
- Declínio ligeiro da memória (particularmente da memória secundária [memória recente]);
- Declínio cognitivo geral;
Como é nítido, esses efeitos são prejudiciais para execução das tarefas do cotidiano. Porém, estes efeitos podem ser atenuados e até atrasados por parte do indivíduo. Isto pode ser através da prática sistemática de Atividade Física, pois - assim como cita a Wendy Suzuki - o exercício físico consiste na principal ação transformadora do cérebro que o indivíduo pode realizar no "aqui e agora". Dentre os efeitos mais relevantes do exercício físico no cérebro, temos:
Dentre os efeitos apresentados, destaca-se o efeito protetor do exercício físico sobre o cérebro, na qual a atividade física induz mecanismos que resultam em um Córtex Pré Frontal e um Hipocampo mais fortes e maiores. Isto se dá, por exemplo, através da indução da produção de novas células cerebrais. Por consequência, observa-se um córtex pré-frontal e um hipocampo fortalecidos. Isto é de suma importância, pois estas duas áreas do cérebro são as mais susceptíveis às doenças neurodegenerativas e ao declínio cognitivo normal associado ao envelhecimento.
Portanto, nota-se que o exercício físico - além dos benefícios imediatos - é uma das principais formas de atenuar e atrasar os efeitos prejudiciais do envelhecimento. Porém, por mais benéfico que seja, é percetível na sociedade inúmeros casos de sedentarismo e de falta de motivação para prática desportiva. Assim sendo, é crucial que saibamos utilizar as melhores estratégias para superar as barreiras da não realização do exercício físico.
Um dos principais obstáculos à prática de exercício físico é a dificuldade em conciliar a vida profissional e familiar com um estilo de vida ativo e saudável. Quando alguém trabalha de manhã à noite e ainda tem filhos para cuidar, torna-se sempre complicado arranjar tempo e espaço para exercitar o corpo e, consequentemente, a mente. O pouco tempo livre que, eventualmente, encontram serve, muitas vezes, para momentos em frente à televisão ou para ler um livro, etc. Como é óbvio, não é desejável retirar tais períodos de relaxamento, o que se pode fazer para que haja um pouco mais de atividade física no dia-a-dia destas pessoas é, por exemplo:
• Acordar 10 a 30 minutos mais cedo, mas sem nunca descurar horas de sono, e realizar atividade física ligeira como alongamentos ou uma caminhada pelo quarteirão.
• Maximizar os tempos mortos do fim de semana para dar uma caminhada com a família.
• Garantir que não se entra num daqueles momentos de lazer citados anteriormente, como ver televisão, sem ter praticado um pouco de exercício antes.
Outra desculpa comumente utilizada para a falta de exercício físico é o facto de nos sentirmos exaustos e nada motivados, principalmente, depois de um longo dia de trabalho ou de estudo. Ora, por muito paradoxo que possa parecer, a atividade física, efetivamente, faz-nos sentir cansados, mas dar-nos-á mais energia e, como vimos, fará com que aumentem os níveis de dopamina que faz aumentar os níveis de humor e de concentração. Para combater esta inércia podemos:
• Começar a treinar regularmente com um amigo ou familiar para que se motivem um ao outro.
• No momento em que estamos um pouco exaustos, o ideal será até fazer exercício e, então, iremos perceber que, após este, realmente, nos sentimos melhor.
• Nos primeiros dias de adaptação a uma nova rotina mais saudável, tirar um ou dois dias para descansar o corpo também será benéfico para o mesmo.
Já na população mais idosa, a prática de atividade física rareia pois muitos destes acreditam ser "demasiado velhos para fazer desporto". Sabemos que isto é completamente infundado já que o desporto ajuda a reduzir o risco e o efeito de doenças como a Alzheimer e tal afirmação apenas é proferida, essencialmente, por, devido à própria idade, se sentirem desconfortáveis com algo novo na sua rotina. Os mais novos devem, então, tentar alterar tal pensamento e introduzir mais movimento na vida destas pessoas através de:
• Divulgação da mensagem, junto deste grupo etário, de que o exercício físico é realmente benéfico, em qualquer das idades, dando exemplos do que esta prática pode trazer de bom para a sua vida como o atenuar dos efeitos da demência.
• Experimentar natação é um
passo importante já que não se trata de algo com reduzido grau de
dificuldade, é bem mais cómodo para as articulações e melhora a saúde
cardíaca.