MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS
Ao
longo da história o conceito de "Inteligência" passou por diversos paradigmas e
abordagens. O conceito mais tradicional e enraizado na sociedade é aquele que
concebe a inteligência associada às competências académicas e lógicas, sendo
possível quantificar e avaliar essa inteligência por meio de testes objetivos,
como os Testes de QI. Entretanto, passou-se a questionar essa abordagem, devido
à sua limitação e exclusão de aspetos cruciais para vida, como a parte
emocional do indivíduo. Assim, surgiram
novos espectros acerca do conceito de "Inteligência", nomeadamente,
Teorias Psicométricas, Desenvolvimentais e Cognitivas.
Dentro das novas abordagens, as Teorias Cognitivas assumem destaque. Esta apresenta dois ramos, a Teoria Triárquica de Sternberg e a Teoria das inteligências múltiplas de Gardner. Esta última, na nossa visão como grupo, consiste na mais adequada, pois trata-se de uma teoria mais realista, inclusiva e capaz de tornar o ensino mais assertivo.
Gardner defende que há diferentes tipos de inteligências (veja na imagem abaixo) e que um indivíduo pode apresentar maior aptidão para uma do que para outra. Por exemplo, um génio da matemática apresenta uma maior inteligência lógico-matemática do que um desportista, enquanto este apresenta maior inteligência corporal-cinestésica. Porém, isso não significa que um é mais inteligente que o outro, mas sim que apresentam diferentes aptidões.

Considerar a inteligência como múltipla assume um papel de não discriminação em muitos aspetos: na vida académica de um indivíduo, na sua vida laboral, na sociedade em que se insere ou até mesmo no círculo familiar e de amizade de cada um. Quantos casos se conhecem de jovens que são excluídos de um determinado grupo por, alegadamente, não serem tão inteligentes como os demais. Ora, tal pode não corresponder à realidade. Se olharmos para aquilo que Gardner nos propõe, percebemos a abrangência do conceito de inteligência e que cada um de nós deverá ter competências nas mais diversas áreas enquanto que outros as terão noutras e que esta não está, exclusivamente, associada à lógica, como é, convencionalmente, vinculada.
Desta forma, podemos e devemos olhar para o ensino como uma ferramenta inclusiva ao desenvolver os mais variados tipos de inteligência e estando adaptado às capacidades de cada um. Uns aprendem melhor visualmente, outros ouvindo, outros cantando, outros agindo, etc. Há variadíssimas formas de ensinar e de aprender e é tudo uma questão de perceber qual a que se enquadra melhor com a inteligência de cada um.
Para além da questão de como se aprende, surge-nos, também a questão de: o que se aprende, podemos estar perante um jovem com grandes capacidades musicais, mas com dificuldades na lógica matemática. Devemos, então, procurar aperfeiçoar aquilo em que ele já tem competências e, ao mesmo tempo, procurar ultrapassar as adversidades de forma interessante para ele, auxiliando-nos, neste caso, da sua musicalidade para uma melhor compreensão de certos conteúdos matemáticos.
Em suma, nota-se que ao longo do tempo houve evolução na definição do conceito de Inteligência. Dentre as diferentes perspetivas, para nós, a Teoria das inteligências Múltiplas proposta por Gardner consiste na mais assertiva. Isso se deve ao facto de ser mais abrangente, mais realista, mais inclusiva e mais influente na educação.