NATURE vs NURTURE

   O desenvolvimento dos seres humanos é um campo que gera diversas discussões no mundo científico. Dentro desse tema, a indicação dos principais determinantes das características e competências do indivíduo merece destaque. Nesse âmbito observa-se um Dualismo de ideias, na qual por um lado encontra-se a genética ("nature"), e por outro os contextos ambientais ("nurture"). Assim, originando a expressão "Nature" vs "Nurture".

   A influência genética nos traços dos indivíduos é algo consensual, sendo a posse (ou não) de determinados genes determinantes para os atributos físicos, psicológicos, cognitivos, patológicos etc. Tomemos por exemplo a capacidade de digerir lactose, na qual é determinada por uma mutação no genoma do indivíduo. Mas: será o genótipo o único determinante das características humanas?

   Para nós, a resposta é não, sendo o contexto de desenvolvimento (ambiente) o outro elemento nessa questão. Tal influência se dá através da ativação ou não de determinados genes e/ou do desenvolvimento de adaptações no organismo, em resposta aos estímulos ambientais. Como por exemplo o Sistema Nervoso Central, na qual os estímulos do ambiente são cruciais para seu desenvolvimento, nomeadamente na Fisiologia Cerebral, na formação de Espinhas Dendríticas (Ramon y Cajal, 1891) e de Micro-neurónios (Altman, 1962)

   Em adição, o caso da histórica menina Genie Wiley, que sofreu inúmeros abusos e se defrontou com praticamente nenhum estímulo para seu desenvolvimento desde os 2 anos de idade, ilustra a relevância da estimulação ambiental para o desenvolvimento humano. Em razão da privação de estímulos motores e cognitivos, ao ser descoberta e libertada com 13 anos, a garota apresentava tais comportamentos extremamente limitados. Logo, por mais que ela tivesse possuído genes para apresentar capacidades motoras mínimas, ela não as exprimiu devido à falta de estímulos nesse âmbito.

   Em suma, é nítida a contribuição de ambos os fatores na designação das competências e características do indivíduo. Assim, nós como grupo, acreditamos que não se trata de uma relação dualista, mas sim de complementaridade, na qual os genes fornecem uma predisposição, que somada às estimulações, resultam nos traços expressos. Portanto, o fenótipo expresso é resultante da interação entre o material genético e o ambiente. Logo, entendemos como "NATURE" + "NURTURE" e não "nature" vs "nurture".

   A fim de elucidar melhor este complexo assunto, segue-se um TEDxTalk da bióloga evolucionista Irene Gallego Romero da Universidade de Tecnologia de Nanyang (Singapura).